Palacete Pinho

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Construída pelo comendador Antônio José de Pinho, essa residência mudou os padrões vigentes por quase três séculos na Cidade Velha, bairro onde se iniciou a urbanização de Belém em 1616. O bairro se mantivera com a estrutura colonial de casas térreas e sobrados, alinhados pelas ruas estreitas, e a parca vegetação preservada era restrita aos largos das igrejas. O Palacete Pinho inova ao se apresentar como uma construção em dois andares e porão, com um corpo central mais alto e recuado.

As fachadas são revestidas de azulejos, como quase todos os casarões senhoris o foram na mesma época. Essa residência, cuja restauração está suspensa há vários anos, foi palco de uma intensa atividade social e política, chamando atenção pelo luxo e suntuosidade das festas.

Nota-se que há uma certa liberdade no desenho da fachada, que já prenuncia o ecletismo. A composição em arcos plenos com vergas retas ou em arco abatido, as sacadas em ferro entaladas ou levemente projetadas, o revestimento em azulejos são encontrados em prédios do período colonial e imperial, mas neste caso se acrescenta um lambrequim em madeira. Os azulejos não são mais portugueses e sim alemães, da conhecida fábrica Ville Roy e Boch, e existe um porão alto com abertura em óculos - soluções que não tinham similares no bairro e que apenas começavam a ser implantadas na cidade. O prédio recua formando um jardim com grades ornamentais e colunas terminando em vasos decorativos.

A solução em planta privilegiava grandes salões, e em quase todos os ambientes foram executadas primorosas pinturas parietais. Chama a atenção que houvesse nesse prédio uma capela particular, hábito mais encontrado, no período, em residências rurais. Detalhes da decoração foram recuperados pela restauração, ainda que esteja inacabada. Dentre eles, as pinturas decorativas internas, de rara delicadeza na execução. Os azulejos da fachada são, do ponto de vista cromático e pela composição, dos mais belos do período, e só há dois exemplares similares na cidade, ambos com conservação precária.

O Palacete Pinho já se encontrava, nos anos 1970, em acentuada decadência, quando foi feito um leilão que o despojou de toda a decoração interna, móveis, luminárias e até revestimento, portas e ferragens. Alvo de disputa judicial, o prédio ficou fechado por anos e depois restaurado. Atualmente encontra-se fechado.

Fonte:

https://fauufpa.files.wordpress.com