Casa das 11 Janelas
A residência de Domingos Bacelar, origem da construção atual, só foi erguida na metade do século XVIII. A planta da cidade, feita por Schwebel em 1754, apresenta a casa de dois andares com seis janelas e mansarda. Desenhos do mesmo autor, sem data, a mostram com oito aberturas.
Desde 1716, falava-se da necessidade de um hospital militar na cidade e, nos anos seguintes, duas construções abrigam precariamente os doentes, o Forte do Castelo e o Convento de São Boaventura. Em 1768, a casa de Bacelar é comprada pelo governador Ataíde Teive para servir de hospital Real. Pelo teor de carta de Teive ao capitão-geral Mendonça Furtado sobre a compra da casa, pode-se supor que ainda estivesse em construção: e se achava ainda por concluir. A adaptação para a nova finalidade foi entregue ao arquiteto Antonio Landi, sendo este um dos seus projetos do qual se conservaram os desenhos. O prédio em dois pisos tem na fachada principal onze aberturas dispostas simetricamente, janelas e portas janelas, com verga reta e precedidas por grades, e a porta principal. O volume maciço é dividido por um simples entablamento e tem pilastras nos cunhais, constituindo uma solução robusta e singela, ao gosto da arquitetura portuguesa do período.
Mais elaborada, denunciando a intervenção do arquiteto italiano Antônio Landi (1713-1791), é a fachada para o rio, com aberturas em arcos configurando, no corpo central, loggias na forma de varandas, com grades no piso superior e abertas no inferior.
O prédio, quando passou para o uso militar, sofreu muitas intervenções. As mais relevantes, do ponto de vista de interferência nas fachadas landianas, foram o acréscimo de um frontão triangular, ladeado por obeliscos, na fachada principal, e o fechamento desfigurador das aberturas do lado voltado para o rio. Essas modificações foram revertidas em restauro e reformas nos anos 2000. Isabel Mendonça chama a atenção para a dificuldade de identificar o nível da intervenção inicial, a de Landi, sobre a casa de Domingos Bacelar - pré-existente ou por acabar- , mas atribui a provável autoria do desenho das loggias a esse arquiteto, que já utilizara o recurso em outros projetos. Uma vez que todas as referências e desenhos anteriores mostram um edifício retangular, pode-se também atribuir a Landi a proposição do corpo lateral que conforma a atual planta em "L". Esse corpo da construção foi modificado na última reforma, perdendo as aberturas que lhe davam visão para o rio.
Fonte:
https://fauufpa.files.wordpress.com