Solar Barão de Guajará
Um dos primeiros prédios erguidos no período colonial no entorno da que é hoje a praça D. Pedro II, o Solar Barão de Guajará é um dos poucos prédios civis - dos de propriedade da nobreza regional - ainda presentes na malha urbana de Belém. Antes de ser doado pela prefeitura (que o adquirira na década de 1920) ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará, no ano de 1944, pertenceu a dois nobres do Império, o visconde de Arari e o Barão de Guajará.
Do prédio atual sabe-se que foi herdado pela filha de Ana Soeiro em 1837, atestando sua construção no início do século XIX. Poucos anos depois, provavelmente na metade do século, já na posse do visconde de Arari, a casa recebeu melhoramentos, como as portas janelas com gradis de ferro com o seu emblema. Os azulejos, posteriores, são dos mais antigos a revestir uma fachada em Belém. Prédio de dois pavimentos, organizado em um bloco frontal com sótão e mirante, tem duas alas laterais configurando um pátio, que foi fechado com um segundo bloco (paralelo à fachada principal) em data não determinada. Esse novo corpo da casa, tratado estrutural e visualmente para se integrar na construção existente, recebeu inclusive azulejos, como ocorre em todas as fachadas internas. Vários autores, inclusive Ernesto Cruz, afirmam que a parte posterior, hoje ocupada por essa segunda ala, era formada por cavalariças. Não existiam cozinhas e banheiros, que foram claramente improvisados para acomodar esses novos usos. No térreo há um ambiente com circulação independente, o que pode indicar uma loja ou, o que é mais provável pela situação política e social dos proprietários, uma capela particular aberta também à visitação pública.
Na fachada, simétrica, sobressai o volume mais alto, rasgado por três portas janelas, com frontão triangular e ladeado por aletas. O segundo pavimento possui portas janelas com balcões em ferro, e o térreo, cinco portas e duas janelas. A porta principal tem moldura de ornamentação ondulada. A divisão habitual do período aponta para o térreo ocupado por lojas ou armazéns, o que explicaria os materiais simples, molduras em argamassa e sem decoração, assim como as portas quase rústicas protegidas por grades externas. Maior refinamento seria reservado ao pavimento superior, usado pela família, com salões para receber e quartos de dormir organizados em torno de varandas. Nesses ambientes, é visível o aprimoramento da construção. Além dos pisos em madeira, preservados, assim como os forros do mesmo material, há relatos que indicam terem existido pinturas decorativas.
Destacam-se ainda no solar os conjuntos azulejados apostos à fachada neoclássica e em todas as faces do pátio interno, emoldurados posteriormente por calhas metálicas ornamentadas, atestando as diversas fases e influências que o prédio recebeu durante os quase 200 anos decorridos desde sua construção.