Mercado de Peixe (Mercado de Ferro)

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O mercado, considerado um dos símbolos da cidade tanto para moradores como para turistas, existe desde a primeira metade do século XVII, mas só tomou a feição atual no início do século XX. O prédio atual foi construído pelos engenheiros Bento Miranda e Raimundo Viana, e inaugurado no dia 1º de dezembro de 1901. Segundo o historiador Geraldo Gomes, esses engenheiros, dos mais ativos em Belém no período do intendente Lemos (1843-1913), construíram o mercado e receberam uma concessão para explorá-lo comercialmente.

A estrutura metálica veio dos Estados Unidos, embora não se possa precisar onde ocorreu sua fabricação. A inauguração foi muito divulgada na imprensa e nos relatórios do governo municipal, que detalharam toda a estrutura metálica.

O edifício se inscreve num retângulo, cujos ângulos foram abatidos por meio de alinhamentos poligonais, dando lugar, em cada canto, a quatro torres. São também quatro as entradas do edifício, cuja fachada tem mais de oito metros de altura.

O historiador Gomes associa as torres aos campanários de catedrais góticas, o que poderia trair, segundo o mesmo autor, a procedência europeia da estrutura. A disposição em planta determina lojas abrindo para o exterior e bancas ao longo do retângulo interno. No centro do pavilhão existe um compartimento em forma de octógono, que servia à administração do mercado.

O telhado, em telhas marselha, tinha clarabóias de vidro e as torres cobertas em zinco. A ventilação era feita por venezianas laterais e pelo lanternim central, mas já em relatório de 1902 constatava-se que o excesso de luz e calor precisava ser corrigido. O mercado foi bastante modificado, no telhado, pela retirada do lanternim e, na fachada, pela introdução de marquises, mas funciona de maneira regular, ao lado de uma feira aberta que foi recentemente reestruturada com um projeto moderno.

Nas fachadas, em chapa lisa e corrugada, uma leve decoração em volutas se associa a molduras sob arcos redondos para formar as portadas principais. As portas dos estabelecimentos comerciais externos são também em arcos redondos. Segundo Gomes, "é surpreendente a inexistência de ferro fundido nesse prédio, onde só foi empregado o ferro perfilado".

O perfil característico do mercado, com suas quatro torres e o burburinho das atividades comerciais, é a referência mais conhecida da cidade. Lugar de encontro das culturas europeia e nativa, no período colonial, o mercado constitui, após mais de 300 anos de existência, uma mostra colorida de alimentos, artesanato e práticas tradicionais.

Fonte:

Igrejas, Palácios e Palacetes de Belém - IPHAN

Autores: Jussara da Silveira Derenji e Jorge Derenji