Palacete Bolonha

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O proprietário, e também autor do projeto dessa residência, foi Francisco Bolonha, engenheiro formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, construtor de muitos edifícios para a intendência da capital. Na iniciativa privada, algumas de suas obras foram marcantes para a fisionomia da área central da cidade. Empresário de atividades diversificadas, Bolonha foi concessionário de prédios públicos de grande porte, como os mercados, e de quiosques de vendas que existiam no centro de Belém, pequenas estruturas em madeira com torres de cobertura imbricada, isto é, com lâminas sobrepostas.

O engenheiro era um conhecedor das práticas inovadoras que então surgiam na Europa, tornando-se, em frequentes viagens ao exterior, grande admirador de Eiffel. Seus projetos utilizam estruturas metálicas, porém elas são associadas aos mais diversos elementos da arquitetura eclética, produzindo prédios característicos da linguagem utilizada por Bolonha, identificados na cidade como emblemáticos do período. O Palacete Bibi Costa, na rua Joaquim Nabuco, construído no início do século XX, prenuncia a verticalização acentuada que Bolonha imprimiria como marca de sua residência particular na rua governador José Malcher. As torres, marcas registradas dos projetos de Bolonha e de outros construtores ecléticos desse período, estão presentes nos dois casos.

O Palacete forma um conjunto com outras residências, todas de propriedade de Francisco Bolonha, distribuídas ao longo de uma rua estreita e com um leve declive. As residências, exceto a de sua moradia, são de simetria neoclássica e contida decoração, e foram construídas para parentes e agregados da família.

O chamado Palacete Bolonha é um legítimo "castelo de sonho"?, designação criada por Bossaglia para alguns dos projetos elaborados pela fantasia do arquiteto florentino Gino Coppedé para a burguesia italiana. Na época mais ativa de Bolonha, 1909-1915, Coppedé deveria ser bastante conhecido na cidade pelos projetos da Basílica de Nazaré e de um palácio municipal que, muito divulgado em imagens e maquetes, não chegou a ser construído.

A residência de Bolonha foi projetada para uso de um casal, distribuindo-se em três pavimentos e um mirante. Tem múltiplas divisões internas e decoração carregada em dourados e estuques estes de autoria do maranhense Newton de Sá , azulejos decorados, mosaicos e revestimentos variados. 

A decoração utiliza reproduções de mosaicos de Pompéia, relevos com temática greco-romana, azulejos art nouveau, pisos em vidro e, no exterior, telhas em ardósia colorida, com detalhes de acabamento em ferro para o telhado em mansarda com torreão

Dispondo de um grande terreno, Bolonha criou uma rua particular (hoje de circulação pública), onde distribuiu as casas que compunham o conjunto, dispondo sua própria casa numa solução em altura. O prédio se volta para o interior, sem jardins, sem grandes aberturas, deixando a vista e os benefícios da ventilação apenas para a torre. Um dos engenheiros mais conhecidos da cidade no início do século XX, Bolonha construiu para si próprio uma residência rica, de abundante decoração e pouca praticidade. Teve função residencial por alguns anos depois da morte do proprietário, no início do século XX, e depois passou ao poder público. 

Fonte:

https://fauufpa.files.wordpress.com