Catedral da Sé
A Igreja da Sé ou de N. Sra. da Graça do Pará teve a deposição da sua primeira pedra em 1748, porém, somente em 1749 teve início a sua construção, interrompida algumas vezes. Esse é talvez o motivo de suas várias inaugurações.
Em 1755, dia 23 de dezembro, o terceiro bispo do Pará, D. Frei Miguel de Bulhões, da Ordem dos Dominicanos, benzeu, às 5 horas da tarde, a nova catedral, edificada desde a porta da rua até o arco da capela mor. No dia seguinte, 24, fez abertura solene, mudando por meio de procissão, o Santíssimo Sacramento da Igreja de São João Batista, transformada em Sé, desde a instalação do Bispado. Até essa data, e desde a criação do Bispado do Pará em 1719, tudo quanto relativo à Sé funcionou na primitiva Igreja de S. João. De fato, D. Bartolomeu de Pilar, o primeiro bispo do Pará, confirmado pelo Papa Clemente XI no dia 4 de março de 1719 e sagrado bispo no dia 22 de dezembro de 1720, toma posse do seu bispado em 21 de setembro de 1724, ainda na igrejinha de S. João Batista.
Antônio Giuseppe Landi, dia 20 de novembro de 1761, ainda chegou a decorar o Santíssimo na futura Igreja da Sé, mas a construção foi interrompida entre 1761 a 1766, por falta de verbas. Em 1766, dia 5 de fevereiro, Landi volta à igreja e faz então uma perícia na capela mor da Sé: os trabalhos recomeçam.
Em 1771, no dia 8 de setembro, outra inauguração parcial: Quis o Cabido desafogar o corpo da igreja onde tinha seu coro e passou-o para a capela-mor, já em condições de recebê-lo, mas com as obras ainda por concluir.
Em fevereiro de 1774, ao voltar das Visitas Pastorais, o quinto bispo do Pará, D. Frei João Evangelista Pereira da Silva, deu por terminada a obra do altar-mor da Igreja da Sé de Nossa Senhora da Graça do Pará.
Lê-se de fato no Termo de Bênção da Capela-Mor da Catedral que nas calendas de fevereiro do ano de 1774, pelas 9 horas da manhã, revestido de pluvial e insígnias episcopais, benzeu a dita capela o Exmo. e Revmo. Sr. D. Frei João Evangelista Pereira, da Ordem da Penitência, bispo desta diocese. Traspassou-se para a mesma capela-mor o painel antigo de Sua Santíssima Padroeira Nossa Senhora da Graça enquanto não se faz o retábulo novo. Na tarde do mesmo dia, capitulou sua Exma. Revma. solenemente as Vésperas e no seguinte, depois de fazer a misteriosa cerimônia da bênção da cera, e de se cantar a hora de terça, fez o mesmo cantando missa de festa.
Resultava então que a Catedral era de abóbada, cuja altura tem 9 braças na vertical de seu fecho e suas torres de 18 braças e meia de estatura, e coroadas de um zimbório e lanterna fingida; tem 30 braças e 6 palmos entre o limiar da portada e o retábulo do altar mor; sua largura da nave principal 6 braças; na do Presbitério 13 braças e meia; entre o vestíbulo e as grades do cruzeiro há 5 altares de cada lado, 2 no Cruzeiro, que são um do Sacramento e o outro da Senhora de Belém.
O retábulo original, obra do pintor setecentista português Pedro Alexandrino de Carvalho que representava N. Sra. da Graça, foi perdido.
A imagem do nicho na fachada é da altura de 4 metros e 20 cm, sendo de 3 metros a circunferência da cintura da mesma imagem; o Menino que a Virgem tem ao colo mede 1 metro e 40 cm de altura.
Em meados de 1867 tem inicio o aformoseamento da Catedral por vontade de D. Antônio Macedo Costa, 10º bispo do Pará; nessa ocasião, sua decoração interior foi muito alterada.
A cerimônia de Sagração da abóbada da Catedral, no dia 1º de maio de 1892, foi assistida pelos bispos do Maranhão e do Ceará, além do sagrante, D. Jerônimo Tomé da Silva, sucessor de D. Macedo Costa.
O altar principal da Catedral de Belém é, hoje, todo de mármore e alabastro e foi confeccionado em Roma pelo escultor Luca Carimini. Sua Santidade o papa Pio IX doou o mármore necessário à confecção do altar.
A decoração e os frescos da abóbada são do pintor De Angelis e referem-se à Fé, à Caridade e o maior deles representa D. Macedo Costa, oferecendo a Nossa Senhora o cumprimento da promessa que fizera de lhe ornar o templo, visível na orla da cidade, à margem do rio. O bispo conseguiu trazer o ateliê De Angelis/Capranesi para a execução das pinturas que decoram o interior da igreja.
Domenico de Angelis realizou, junto com Giovanni Capranesi e Sperindio Aliverti, as pinturas da cimalha geral e friso, e do forro, estas retratando os bispos do Pará, com destaque para D. Macedo Costa, que contratara os artistas na Itália em 1886.
De Angelis foi, também, o autor de três telas que estão nas capelas laterais, as de São Sebastião, Maria Madalena e São Jerônimo, executadas em 1891. As telas alusivas à Sagrada Família são do suíço Paulo von Deschwauden e chegaram em 1873.
A planta da igreja segue a forma de cruz latina; a nave tem dimensões grandiosas e é ladeada por corredores que partem do vestíbulo, facilitando a comunicação interna do prédio. Capelas laterais inscritas nas paredes são encimadas por tribunas. A pesquisadora Isabel Mendonça assegura que as salas anexas à capela-mor, sala dos pontificais e sacristia, aonde se chega pelos corredores laterais, são acréscimos que se devem a Antônio Landi. A capela-mor é excepcionalmente longa para as igrejas regionais, pois deve atender as necessidades de sede do Bispado, sendo o local de reunião do cabido local.
O órgão, um Cavaillé-Coll, considerado o maior da América Latina, é de tração mecânica e foi inaugurado dia 9 de setembro de 1882. Ele tem 22 registros manuais e mais de sete pedais. Mede 5 m e 17 cm de largura, 3,5 m de fundos e 8,5 m de altura. Hoje seus foles enchem-se por força motriz elétrica.
O ultimo restauro da Catedral foi iniciado dia 4 de agosto de 2005 e teve várias interrupções por diferentes motivos. Dia 1º de setembro de 2009, em ato solene, o Governo do Estado do Pará entregou à cidade a obra restaurada.
Fontes:
Livro: "Igrejas" de Belém do historiador paraense Ernesto Cruz.